quarta-feira, 12 de outubro de 2016

De quando eu fui mãe, aos 27 anos de idade


O ano dele começou antes do meu. Mas a minha idade já era mais antiga que a dele.

Ele se sentiu pressionado, um pouco perdido nos primeiros segundos, percebi no seu olhar. Mas quando eu disse "oiii", parou o choro. Sabia de mim. Sabia que havia alguém naquele lugar que o conhecia, que o completava.
Veja bem, completar aqui não tem o sentido de dar uma parte de si para a outra que está aos pedaços. Completar vem como uma ligação. Eu tenho o número, você o telefone. Discamos para ver o que vira!

Não, ainda não é isso.
Está mais para "filho, você estava sozinho lá dentro, mas agora você tem alguém aqui fora, tá?!".
Brega essas comparações, não é? Vivê-las é mais simples.

Ele veio sem pedir muita licença. Atrás dele veio um rompimento inesperado. Um abandono sofrido, sentido, mal curado. A gravidez não foi um sonho lindo feito de cristal.
É preciso sempre ressaltar esses pontos da história toda, para que a vida volte a fluir.

Uma vida já vivida há 27 anos. 28, pra ser mais exata.
Uma vida boa, tranqüila. Que agora, voa.


Ele não sabe direito ainda quem eu sou. Mas o tempo está ao nosso favor, e eu não tenho pressa. 


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Nasceu






Dizem que ao nascer um bebê, nasce uma mãe também.

Com essa informação, fiquei tranqüila... pensava que quando o Augusto chegasse eu saberia como proceder, conciliar e lidar com todo esse momento novo. Como se fosse um instinto. O instinto materno.

Doce engano.

Você nunca está preparada, realmente. A criança chega e sabe o lençolzinho estilo safári que separou, lavou e passou com todo carinho? Ela ainda nem usou porque na verdade, nem dormir no berço ela dormiu ainda...

Mas nasceu.

Nasceu.

Com 3,460kg e 49cm nasceu o protagonista de meus pensamentos dos últimos dias.



segunda-feira, 6 de junho de 2016

Você há!



Pode deixar... 

Você há de passar, algum dia - ou dias - por algo parecido com o que eu passei, nestes dias de luta.
E há de se lembrar de mim no momento.
E de sentir um amargo dentro... um profundo arrependimento, por ter feito o que foi feito.

Sem mais, 

M.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

4ª mensagem aberta ao progenitor do meu filho



G., só para que conste entre os registros, caso eu ainda não tenha deixado claro o suficiente, você é um covarde.

Covarde. Covardão.

Preferiu desistir, a lutar.

Preferiu cair fora, a ajudar.

Sua dívida será cobrada pela vida, esquerdo-macho. Espero que entenda. Tudo o que a gente planta, a gente colhe. 

Sem mais,

M. 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Filho, filho meu... existe alguém mais frouxa do que eu?




Deve existir. Mas saiba que eu tenho lutado para ser firme. Inteira.

Serei.

Seremos.

Sereia de mar há de sermos...

domingo, 1 de maio de 2016

Carta de agradecimento (e aberta) para você, L.




Sei que é estranho. Mas saber que você gosta de mim não significa “alívio”...
Me sinto sem ação.

Não que eu não goste de você... Eu só não sei administrar essa situação.
Você está na minha vida, nessa fase difícil, tentando de certa forma me ajudar.
Coisa linda de se ver...

Mas como posso eu, essa pessoa confusa que sou, te amar com profundidade, com nobreza, se não consigo sair dessa bolha chamada “término de relacionamento recente” em que G. me colocou?
Como sabemos, esse ciclo todo começou com você. Você foi o responsável pela rebeldia de “Ana Clara”. Foi responsável também pela luta em que ela se colocou por um novo amor.
Ela se renovou, pensou em ser melhor, em querer o melhor. Conheceu novos carinhas, beijou, se entregou e agora, caiu novamente na fossa.

Sabe?
Ciclo doido esse.
Não que eu não tenha segurança na gente, L. Não tenho segurança em você. Você não nos assumiu, não saiu comigo de mãos dadas por aí, como G. saiu. Foi um idiota, e sabe disso.
Mas como idiota que foi, até que é surpreendente ver você aqui ainda. Me dizendo coisas como me disse hoje...




E é por isso que eu lhe agradeço. Agradeço por ser esse carinha que me diz coisinhas bonitinhas sem querer.

E não era bem isso o que imaginei para essa nossa carta... nossa primeira. Mas foi o que consegui escrever, por enquanto.

Espero que me desculpe um dia, o print que postei aqui. :)

M.




3ª mensagem aberta ao projenitor do meu filho


Espero que você esteja orando. Espero que esteja pedindo perdão desde já.

Porque eu tenho feito isso... pelo pequeno. 

Ele há de ser grande, nobre, feliz. Não há de passar por cima dos outros para obter sua felicidade. Há de dar um passo de cada vez. 

Por que qual é o gosto de uma felicidade obtida as pressas? Numa viagem de fim de semana a Curitiba? Com postagens e mais postagens de pura "melação"? 

Acho que é efêmera demais, não é? Passa logo...


De repente, sua sogra tão fofa, que lhe promete até bolo de cenoura, está brigando com você por conta de uma carteira de habilitação vencida.

De repente, seu amigo do curso, que se diz tão intelectual, está sendo exposto e julgado pelos pais por ser gay. 

Por que será? Por que de repente, vem essa onda de coisas ruins na sua vida e na de seus próximos? 

Pense. É como naquele filme Premonição... Há uma escala de ondas negativas a quem joga a pedra no lago. Você jogou. Não pensou em mim no dia 5 de janeiro. Terminou, sem nem me dar uma chance de mudança, uma chance de ser melhor. Me julgou academicista, elitista, e nem lembro mais o que. Não pensou que eu poderia ter sentimentos nobres, que eu poderia sofrer também. 

Ótimo. Sofra você agora. Sofram eles também, que te apoiaram nesse romance novo. Que me julgaram também. 

Esquerdo-machos. Falsas feministas. Hipocrisia reina por aí. 

Espero que esteja orando desde já, G... Espero que esteja pedindo perdão. 

Porque não serei eu a ter pena de você. De vocês.

Mas não sou eu que cobro. Não tenho esse poder. É a vida. 

Sem mais, 

M.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Carta aberta ao meu filho, o primeiro


Sim, o primeiro. E não sei se terei mais.
A questão é que é muito sofrimento... para uma criança só.
Cansa, viu?
E tem horas que nem parece que você está aqui... a barriga parece pequena... ou parece a mesma barriga de antes.
Sua mãe sempre foi gorda, sabe? Às vezes uma gorda bonitinha, em outras, uma gorda feinha. Mas sempre gorda.
Hoje, o mundo parece estar mais aberto a esse tipo de “biotipo”. Mas saiba que eu já enfrentei uns bons bullying por isso.
Era bem triste ser gorda. Aliás, é até hoje. Mas a gente vai relevando, tentando superar, tentando se encontrar...
Não é ruim ser gordo. Se você assim for, será bem feliz também. O problema são as recaídas. Tem dia, filho, que é difícil. Você se sente um lixo.

E é por isso que eu sempre fui uma garota romântica, que só pensava em suas paixões. Sonhava com o primeiro beijo, com um casamento... Porque isso para mim, eu já sabia: não seria uma tarefa fácil!
Mas quando seu pai surgiu na minha vida eu já não pensava mais assim não. Estava bem calejada já com as pedras que a vida havia me tacado. Mas alguma coisa fez surgir novamente aquela garotinha frágil, indefesa, solitária...

Solitária = Solidão.

Talvez tenha sido o amor, a carência, ou o simples fato de seu pai não ligar muito para mim às vezes. O que nos faz retornar a segunda opção... Carência!
Lembro-me, em Ribeirão, dia seguinte ao “Despertar da força”, no café-da-manhã do hotel em que nos hospedamos, havia eu comido já dois pães... Mas eu tenho isso, como pelo sabor... e o pão estava gostoso! Pedi para seu pai pegar mais um pão para mim. E se você pudesse ver a cara que ele fez... Sim, eu também teria pensado duas vezes antes de pedir! Eu já estava grávida de você, era comecinho... Comecinho de tudo: de romance, de gravidez. E ele não teve a nobreza de pegar para mim. Dá para perceber a partir daí, que alguma coisa não estava se saindo bem para gente. Eu só queria ser cuidada, filho. Ser protegida. Acho que não é pedir demais... Mas a vida tem dessas coisas, e se choro hoje por me lembrar desses momentos, amanhã sorriu por coisas boas que hei de me lembrar também.

Mas voltemos a falar de você, meu lindo. Meu fofo. Meu “tchuco-tchuco”. Você, meu filho, é novidade para mim. Tem hora que sinto você mexer... e mexer... Coisa linda. E de repente você fica quieto... por um boooom tempo.
E como dói! Aaaiii!!! Dói para se sentar, dói para se levantar, sinto meus órgãos todos se esmagando quando abaixo para pegar algum objeto que venha a cair no chão. Terrível isso! E os gases??? Nossa... sinto que cada gás é uma vida que se vai... (rs)
Não venha me dizer lá na frente que eu não sofri por você, ou que eu não lhe amo, hein! Não sei se serei uma boa mãe, se saberei te dar educação, bons modos... Se eu, como professora que sou, serei uma boa professora a ti, te cobrarei tarefas, boas notas... Se seremos cúmplices, amigos, mãe e filho... Pessoas felizes só por estarem juntas uma da outra. Não sei de nada disso. Mas espero de coração que sejamos tuuuudo isso!
Porque fracassei em muitas coisas, filho. Mas não gostaria de falhar como sua mãe. Por isso, se abra a mim sempre que puder. Diga o que está acontecendo com você, sempre que puder. Não fique com medo, com dúvidas, incertezas, inseguranças. Eu prometo que vou tentar te ajudar. Posso não conseguir, mas eu tentarei.

Porque um elo aqui já está criado entre nós. Porque um amor entre mãe e filho costuma durar bastante. Porque parte da minha vida já circula pela sua. J

Beijos da mamãe,


M. 

domingo, 24 de abril de 2016

2ª mensagem aberta ao progenitor do meu filho


Na primeira temporada de American Horror Story, a empregada fantasma diz ao patrão:

"Não há pecado maior no mundo do que trair uma mulher grávida."

Espero que entenda o que eu quero dizer com isso, G... 

Não sou eu que te desejo coisas ruins e elas acontecem... é a vida. Ela cobra o preço de certas coisas que a gente faz. Simples assim. 

E infelizmente, sua girlfriend "peixe" também está no meio. Sinto muito.

Não dá para ser feliz passando por cima da felicidade alheia... Ainda mais, por cima da felicidade de um inocente, que no caso, é o nosso filho. Aliás, meu filho. 

Sem mais, 

M.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Cansada



Mais uma vez uma angústia me invade...
Não sei se é saudade, ou coisa normal mesmo do dia-a-dia.
Mas o fato é... cadê o que me falta?
E o QUE me falta?

Será que depois que o baby nascer as coisas vão melhorar? Será que essa angústia vai passar?

Fico pensando no pai dele... na namorada atual desse pai... em ela ser “a melhor das melhores”. O que classifica uma pessoa melhor que a outra?
Olha G... Olha o que você fez comigo. Olha essa transformação. Esse sofrimento.

Vi fotos minhas antigas. Que saudade de mim!
Saudade do meu cabelo, dos barzinhos, da busca desenfreada por alguém ao meu lado... essa necessidade de me sentir bem, amada, feliz.
E hoje o que faço? Procuro por músicas de ninar!
Será que estou sendo muito egoísta?
Oh Deus... que fase!
Ando cansada... de mim, da barriga, da rotina, da própria canseira.